quinta-feira, 27 de outubro de 2011

O lobo ataca.

Madrugue e espere. Madrugue em nome dos que dormem em paz, dos que nada temem e nada lembram, nada pensam e nada se importam. Dizem que um dia tudo ficará em paz, mas não hoje. Hoje você vai madrugar e esperar, com a perna tremendo embaixo da mesa, com os ombros tensos, com os olhos arregalados, com a voz fraca, com os gemidos da guitarra de Gilmour se tornando teus próprios gemidos. É a madrugada te prendendo em uma sala com você mesmo, é a vida te atingindo como uma agulha, é não se preencher mais, é o velho desconforto patafísico de ser e estar em mim... São as garras do lobo retomando o controle, mas não te preocupes, ele é mais forte, mais feroz, mais real, mais preparado para comandar. Agora vai madrugar e esperar, enquanto o lobo te leva denovo ao fim. Razão ele tem, sempre se tem razão, vai em frente, viva o descontrole, o desassossego, viva o caos.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

O nosso amor agente inventa
É tudo brincadeira
De mentira
Aproveita
A poesia que aqui está
É fantasia de quem não pensa mais,
De quem só faz
E o mundo gira em torno
Do que pensamos que fizemos
É o livro que nunca lemos
Registrando a nossa paz.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Digo sim a tudo que vem e vai
venço o ter de vencer, de ter, de dominar
Assumo o mais simples dos objetivos
e me jogo às mais ridículas alegrias:
Ao romance.
Com todos os seus direitos,
Idealizações, utopias
singelezas, poesias.

Talvez o lobo já afie suas garras, mas eu não me importo


sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Instante

Escrevo instantes e só instantes, passageiros, finitos, vencíveis. Escrevo instantes, pois sou mero instante, vivo no instante e nada existe além do instante, o passado são meras memórias instantâneas e o futuro nada é. Se ainda assim escrevo nesse instante é porque ele ilumina minhas memórias inteiras.