Talvez não tenha sido ficção, talvez tenha sido uma etapa, e todo aquele nojo que senti hoje da vida em sociedade, da futilidade das pessoas e da insanidade e das mentiras da vida social, e todo o meu anseio por fuga, por revolta, por ironia e por desdém estejam lentamente se concretizando, fixando suas bases na minha mente. E então vou poder de fato me modificar, me revolucionar e me libertar, podendo legitimar e sustentar todas as minhas atitudes com um olhar: Aquele olhar profundo, perdido e, porém, sem temores, que expõe a alma em sua totalidade. Aquele olhar descrente, ousado, que tanto almejam os artistas e tanto temem os políticos. Aquele olhar hipnotizante, sedutor, que finca e marca a alma de todos que os encaram. Aquele olhar sinceramente inconsequente e despreocupado, que poucos tiveram e que poucos ainda têm e que, no entanto, não deve passar de um símbolo, de uma falsa idolatria que carrego em minhas percepções e insisto em projetar, admirar e discretamente invejar em certas pessoas . Seria esse olhar também mera ficção?
Inteligentes mesmo eram os gregos, que, há dois milênios, já sabiam que nada sabiam, com Sócrates, e que nada faziam, com Sísifo. A filosofia existe para a felicidade, ela deve apenas servir-nos, e nós a ela, mas ela sempre tropeça nesses insuportáveis pontos. Entendo, porém, como nunca, o tanto que, como sugere Epicuro e Buda, é essencial na busca pela felicidade a filosofia.
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