domingo, 24 de março de 2013

Hedonismo completo.

Que se danem todos os significados,
Poesias são passageiras,
Verbos são velhos fardos
Velhos mortos, retardatários.
Que se explodam, os significados
Indecisões de poetas,
Incertezas ascetas,
Águas passadas.
Quero mesmo é que não signifiquem,
Que fiquem outras palavras.
As de ontem já são antiquadas
As de agora que fiquem caladas.
Pois neste instante,
Tudo que quero é um orgasmo,
Quero um belo trago
E quando fico um pouco apático
Quero morrer engasgado.




segunda-feira, 11 de março de 2013

blackchalckes

Há uma dor que paira nessas mentes noturnas, que leva esses homens às brigas, que leva essas moças ao choro, que junta essas vozes em coro, no mesmo refrão, no mesmo grito. A noite foi uma constante descarga de tensão, para todos. Os morchas, as moças, os moços, o rock, o álcool, o cigarro, os gritos, as drogas...  O desespero estava fincado na alma de todos aqueles bohemios e bohemias de hoje, pessoas admiráveis, que não esperam o que está por vir, que se desesperam frente à vida e fazem de tudo pra que o próximo minuto valha a pena. Todos primatas, em atividades quase instintivas de liberação de tensões, todos  crianças, em busca de pequenos desejos, rodeados de medos, de orgulho e de carências.

quinta-feira, 7 de março de 2013

Todos os dias
são dias de glória
são dias de drama
de dias atráses, de profetizanas
De dia tão curto
Daqui tão gigante
tantos nos fazem, as filosofias, sempre se transcendem.

Deonde é que se tira o que se quer?
Deonde é?
Que se toquem as velhas notas, que só se queira tocar elas, quero ou não quero?
c0nhece-te a ti mesmo, mas tanto me faz...
Tanto me fazem as filosofias, sempre se transcendem

terça-feira, 5 de março de 2013

Autocriticaferrenha

Às inocentes ignorâncias, às despropositadas desvalorizações, aos descuidos paternos e maternos, à cegueira e à surdez alheia ofereço um gélido e apático olhar frente aos afetos. Ofereço-lhes um falso e desdenhoso olhar, um olhar vazio, que se desimporta meio ao carinho. Um olhar só, que deve produzir compaixão, pena e distância pra quem, inocentemente, desconhecendo seus próprios espinhos e venenos, vem pedir-me um abraço, um ombro, uma cumplicidade. Um olhar de origem puramente egóica, orgulhosa, maquiavélica, um olhar que me faz esquisito e me projeta a uma distância maior ainda, quando o que mais queria, intimamente, era ser acolhido e compreendido, ser abraçado, ser igual, a minha maneira, como todo ego quer. Olhos frios, secos. A última coisa que sou nos momentos em que olho assim é frio, pelo contrário, fervo por dentro e estou vulnerável a cada palavra que me disseres. Olhe mais tempo e verás o quão trêmulos estão os meus olhos para conseguirem manter essa postura toda, essa seriedade, essa severidade. É porque em verdade estou muito fraco nas horas em que olho assim, e me é difícil mantê-los tão firmes. O que eu queria nesses momentos era pedir socorro, pedir piedade, pedir mais voz, pedir espaço, pedir força... Reconheço todas as não virtudes e, principalmente, as infantilidades e vaidades desses pedidos, mas que fazer com esses anseios? Devo mesmo escondê-los? A última coisa que quero ao me retirar é ser esquisito, por vezes me retiro para não continuar sendo esquisito, mas o efeito não sai como calculado...Não que me importe ser ou não ser esquisito, ser ou não ser normal, inclusive, ser normal - igual, padronizado e etc - é para mim repugnante. O que me importa, e duvido que a alguém não importe, é ficar só. Não me refiro à mera solidão material, que muitas vezes pode até ser gostosa e saudável-quando passageira-, mas sim ao cruel e insustentável estado de desamparo, recheado de carências e de dilemas- dos profundos aos rasos-, a que são sujeitos alguns homens postos de lado. Me refiro à triste sensação de se perceber incompatível com a sociedade e com nem um homem sequer, à tristeza de ver o isolamento como imperativo e irremediável, como um destino. Me refiro à sensação de despertencimento, que, segundo Durkheim, leva vários homens à navalha. Esse isolamento não é voluntário, é fruto de complexas, profundas e antigas relações pessoais, é fruto de fortes vícios e, principalmente, é fruto da ignorância. Um isolado exigindo do mundo uma paciência que não tem para com ele; exigindo dos outros uma compreensão que não possibilita, pois exibe os olhos bravos para os momentos de fraquezas e os olhos frios para os momentos de carência; negando o afeto que mais deseja; e dificultando o acolhimento que mais procura. Isola-se quando tudo dentro de si implora por comunidade.

Isso tudo sem mencionar a ignorância já presente na raiz do problema, o sentir-se desvalorizado, quer algo mais vaidoso? Assim segue o ego, como a maior vítima de si mesmo...

segunda-feira, 4 de março de 2013

Sono, silencio; silencio e sono; vácuo, ruido, teclas, abstenho-me. Silencio, sono, omito-me. Escondo-me no silencio, no sono, calo-me por fora e por dentro, esqueço de tudo que penso, sonolento silêncio, silêncio solo. Bom dia, fim de noite solo, fim de solo sem bis. Fim de noite só, só isso. Nada de solo, nada de show: Curto o sono e o silêncio só. Vazio. Omito-me, escondo-me, calo-me, sequelo, esqueço, vazio, vazio, vazio. Vazio por dentro e por fora. Bom dia, o dia já nos devora, os pássaros já cantam e eu deito-me só.