quinta-feira, 4 de abril de 2013

Drama do deserto

Chovia no deserto na semana passada
Chovia tanto que doía o prazer da água descendo em minha pele seca.
Inundou toda minha alma,
Inundou-me a ponto de embriagar-me
E sorrindo eu me afogava, inocente em plena deixa

Ah, mas virado o domingo reacordo-me seco
O que dói agora é o Sol
Dói de verdade, não como o prazer das gotas
Resseca meus olhos e minha boca
E me dá uma tristeza no peito.

O sol queima, a sede teima,
O dia demora,
O céu azul apavora,
Não vejo uma nuvem sequer
O deserto já me rodeia de novo
A chuva era só miragem,
Ou foi  sorte de uma noite só
O deserto é onipresente
É minha velha paisagem
Quantas sejam as viagens,
Sempre volto pra casa.
O deserto é dentro dagente,
O deserto sou eu
O deserto sou eu.







O amor e a melancolia, o poeta no mundo.

Falacia de poeta,
Um instante corrompido,
E a falacia me quieta
Me arrepia e enfurece,
Me entristece e me comove
Algo me sobe,
Por toda minha espinha algo me sobe,
Nada existe, nada se move,
Nada se cheira e nada se vê,
Vê-se um homem incompleto,
Homem quieto, pensante
Fossem mais consonantes,
Teus sonhos e o mundo,
E nao estaria tao mudo no instante.
Esquece-se pois que ninguem ve o que sente
Que so veem o homem silente,
Que ele tambem nao ve mais que corpos,
Ve todos como aparelhos mortos,
Sem sonhos e sem faltas
Quandos os cadernos sao alheios,
As poesias soam falsas...