"Ela é maravilhosa, vei" me disse o velho antes de me apresentá-la. Pra mim ela era só bonitinha e eu sabia que pro velho também, ele tinha um certo prazer em hipérboles. Relevei, me apresentei e pedi uma cerveja. Ela nao estava ali com agente, ela estava com a cabeca em outro mundo, mas com minha insensibilidade do dia, achei ela simplismente lerda, até ali ela era só uma lerda bonitinha que conheci no pior bar da cidade, o qual eu ia todas as sextas feiras.
Ela puxa um assunto muito bizarro e viajado, sobre qual a fonte de criatividade do autor das tartarugas ninjas, me garantindo que aquela noia nao era só lerdeza, e eu adorei, sempre adorei bizarrisses. Dei o máximo de corda que foi possível para as tentativas dela de desvendar o universo, mas na mesma facilidade que ela comecava um assunto ela acabava com ele.O assunto morreu de vez, e eu na mediocridade eu deixei passar - afinal, ela era só uma bonitinha viajada que frequentava o pior bar da cidade-.
Eu deixei passar, mas me arrependi. Nós dois frequentávamos o pior bar da cidade, e cada vez que nos viamos ela me mostrava mais um pedaco do mundo que ela vivia. Ela me mostrava inocentemente, falava por falar, mal imaginava que eu anotava todas as palavras e ficava sempre na espectativa de saber mais sobre sua mente ímpar. Eu queria saber o que ela pensava do livro que ela leu do dostoiévski, queria ouvi-la dizer as 7 regras para uma vida escondida, queria que ela pintasse Salvador Dali em minha mao, queria entende-la, decifrá-la, desvendá-la. Mas, como disse, na mesma espontaniedade que ela falava ela parava de falar. Entao eu segurava minha vontade de interrogá-la sobre tudo e deixava o silencio fluir, em nome harmonia social.
"Ela é uma farsa" me disse o velho depois de conhece-la melhor.Fazia sentido. Até parece que alguém é tao louco assim, claro que tem dias que ela nao ve o por do sol, que ela se cansa de laranja e que a cabeca dela fica na prova de amanha, e nao nos versos do Pequeno Príncipe, mas eu nao queria desmascará-la, eu adorava aquela máscara. "Ela é maravilhosa" respondi ao velho sem hipéboles da minha opiniao, ignorando a possibilidade da farsa, tanto faz, era só uma paixao platonica.
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