Nada mudou, absolutamente nada. Do último instante a esse nada aconteceu de diferente no mundo. Mas o mundo todo mudou. Não sei bem onde e nem como, mas mudou. Não consigo considerar o mesmo mundo, mas insisto em considerar o mesmo eu. Um pensamento surgiu e pronto, o que era belo se deformou, o que era claro se confundiu, o que era justo se corrompeu. Aliás, um pensamento não, um instante de pensamentos, pois os pensamentos nunca estão sós, nossa mente é uma eterna avalanche de impressões e memórias. O mundo inteiro mudou, todas as pessoas que conheço mudaram, mas nada aconteceu nele. É porque o mundo não é feito de matéria, o mundo é feito de ideias, se o mundo fosse matéria, não existiria espaço para a verdade, para o conhecimento, para ser. O mundo são só as minhas ideias, e não existe sem elas, o tempo é o fluxo do meu pensamento e nada mais. Eu sou o tempo e sou o mundo, os criei e vivo neles, não devo me apegar a realidade como se fosse dada, como se ela tivesse algum poder sobre mim, ela não tem. Que me importam as ondas de som, que é a matéria dada? o que me importa é a música, e ela sou eu que crio com meus ouvidos, não há nada nas ondas capaz de me emocionar, o que me emociona são as minhas ideias a partir delas, e são puramente de minha autoria. Não há nada nos fonemas e nos símbolos que possa me ofender, o que me ofende não é a matéria, são as minhas ideias.
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