terça-feira, 13 de agosto de 2013

O amor e sua miséria

Acordei com a agulha no peito
Vi a falta e vi de onde veio
Vi o amor feito de migalhas
De elogios, provas e testes
Servindo de alicece às vaidades
Ao autoapreço e às suas pestes
Vi amantes feito mendigos
Não pela liberdade da não posse,
Mas ao contrário,
Pelos vícios e pela esmola
Rastejando por poucas provas
Insuficientes, cegos, sem respeito.
Não vêm que são eles, que lhe espetam o próprio peito.
Usam do amor feito fosse ópio,
Não pela transcendência e pela criatividade,
Mas pela dependência e pelo escape.
Fazem do transe um desastre
Da percepção à paranoia
Usam a mescalina
E desperdiçam o que mais tem de divina
Sobrevivem na escória,
Na mais mesquinha experiência
Sentem a desunião, a descomunhão
E chamam de carência.
Mas hei de converter,
Esse peito ignorante
Sejamos pacientes,
Mas não deixemo-nos descrentes.
A passos constantes,
Corajosos e curiosos
Deixarei os tons terrosos
Para as vivas cores do instante.

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