Da gaveta:
Te digo o que sei,
se nada sabia,
já nada sei mais,
se espírito eu via,
era patológico,
já a democracia,
é um erro lógico,
Mas de que serve dizer, afinal?
Serve de nada,
de quando em vez
servem respostas,
curtas e grossas,
Ignorantes.
As cinzas da arte
já se misturam à areia do deserto
o ceticismo vai deixar-vos todos quietos
e as realidades indissociáveis.
O fogo não arde
A chama não brilha
Caíste na ilha:
Na terra dos incontestáveis.
Incontestável dúvida,
De tudo que é dito
É terra de aflitos,
Peculiar pela liberdade
Em guerra com a verdade
Mas em paz com o desespero.
segunda-feira, 28 de outubro de 2013
Cantiga de enganar
Drummond me ensinando a levar:
"O mundo não vale o mundo, meu bem.
Eu plantei um pé de sono,
brotaram vinte roseiras
Se me cortei nelas todas
E se todas se tingiram,
De um vago sangue jorrado,
Ao capricho dos espinhos,
Não foi culpa de ninguém.
O mundo,
Meu bem,
Não vale
a pena, e a face serena,
vale a face torturada.
Há muito aprendi a rir
de que? de mim? ou de nada?
O mundo, valer não vale.
Tal como sombra no vale
a vida baixa...E se sobe
Algum som deste declive,
não é grito de pastor,
convocando seu rebanho.
Não é flauta, não é canto,
de amoroso desencanto.
Não é suspiro de grilo,
voz noturna das nascentes,
não é mãe chamando filho,
não é silvo de serpentes
esquecidas de morder
como abstratas ao luar.
Não é choro de criança
para um homem se formar.
Tampouco a respiração
de meninos e de enfermos,
de soldados marchando,
ou de feiras em clausura.
Não são grupos submergidos
nas geleiras do entresonho
e deixem desprender-se,
menos que simples palavra,
menos que folha de outono,
a partícula sonora
que a vida contém, e a morte
contém, o mero registro
da energia concentrada.
Não é nem isto nem nada.
É som que precede música,
sombrante dos desencontros,
dos fortuitos encontros,
dos malencontros e das
miragens que se condensam,
ou que se dissolvem noutras
absurdas figurações.
O mundo e suas canções,
de timbre mais comovido
estão calados, e a fala
que de uma para outra sala
ouvimos um certo instante,
é silêncio que faz eco
e que volta a ser silêncio,
no negrume cirundante.
Silêncio: que quer dizer?
O que diz a boa do mundo?
Meu bem, o mundo é fechado,
se não for antes vazio.
O mundo é talvez, e só.
Talvez nem seja talvez.
O mundo não vale a pena,
mas a pena não existe.
Meu bem, façamos de conta,
de lembrar e de olvidar,
de lembrar e de fruir,
de escolher nossas lembranças
e revertê-las, acaso
se lembrem demais em nós.
Façamos, meu bem, de conta
-mas a conta não existe-
que é tudo como se fosse,
e que, se fora, não era.
Meu bem, usemos palavras.
Façamos mundo: idéias
Deixemos o mundo aos outros
já que o querem gastar.
Meu bem, sejamos fortíssimos
- mas a força não existe -
e na mais pura mentira,
do mundo que se desmente,
recortemos nossa imagem,
mais ilusória que tudo,
pois há maior falso,
que imaginar-se alguém vivo
como se um sonho pudesse
dar-nos o gosto do sonho?
Mas o sonho não existe.
Meu bem, assim acordados,
assim lúcidos, severos
assim abandonados,
ou deixando-nos a deriva,
levados na palma do tempo
-mas o tempo não existe-
Sejamos como se fôramos,
num mundo que fosse: O Mundo."
"O mundo não vale o mundo, meu bem.
Eu plantei um pé de sono,
brotaram vinte roseiras
Se me cortei nelas todas
E se todas se tingiram,
De um vago sangue jorrado,
Ao capricho dos espinhos,
Não foi culpa de ninguém.
O mundo,
Meu bem,
Não vale
a pena, e a face serena,
vale a face torturada.
Há muito aprendi a rir
de que? de mim? ou de nada?
O mundo, valer não vale.
Tal como sombra no vale
a vida baixa...E se sobe
Algum som deste declive,
não é grito de pastor,
convocando seu rebanho.
Não é flauta, não é canto,
de amoroso desencanto.
Não é suspiro de grilo,
voz noturna das nascentes,
não é mãe chamando filho,
não é silvo de serpentes
esquecidas de morder
como abstratas ao luar.
Não é choro de criança
para um homem se formar.
Tampouco a respiração
de meninos e de enfermos,
de soldados marchando,
ou de feiras em clausura.
Não são grupos submergidos
nas geleiras do entresonho
e deixem desprender-se,
menos que simples palavra,
menos que folha de outono,
a partícula sonora
que a vida contém, e a morte
contém, o mero registro
da energia concentrada.
Não é nem isto nem nada.
É som que precede música,
sombrante dos desencontros,
dos fortuitos encontros,
dos malencontros e das
miragens que se condensam,
ou que se dissolvem noutras
absurdas figurações.
O mundo e suas canções,
de timbre mais comovido
estão calados, e a fala
que de uma para outra sala
ouvimos um certo instante,
é silêncio que faz eco
e que volta a ser silêncio,
no negrume cirundante.
Silêncio: que quer dizer?
O que diz a boa do mundo?
Meu bem, o mundo é fechado,
se não for antes vazio.
O mundo é talvez, e só.
Talvez nem seja talvez.
O mundo não vale a pena,
mas a pena não existe.
Meu bem, façamos de conta,
de lembrar e de olvidar,
de lembrar e de fruir,
de escolher nossas lembranças
e revertê-las, acaso
se lembrem demais em nós.
Façamos, meu bem, de conta
-mas a conta não existe-
que é tudo como se fosse,
e que, se fora, não era.
Meu bem, usemos palavras.
Façamos mundo: idéias
Deixemos o mundo aos outros
já que o querem gastar.
Meu bem, sejamos fortíssimos
- mas a força não existe -
e na mais pura mentira,
do mundo que se desmente,
recortemos nossa imagem,
mais ilusória que tudo,
pois há maior falso,
que imaginar-se alguém vivo
como se um sonho pudesse
dar-nos o gosto do sonho?
Mas o sonho não existe.
Meu bem, assim acordados,
assim lúcidos, severos
assim abandonados,
ou deixando-nos a deriva,
levados na palma do tempo
-mas o tempo não existe-
Sejamos como se fôramos,
num mundo que fosse: O Mundo."
sexta-feira, 18 de outubro de 2013
Abrem-se os olhos.
Obrigado pela felicidade que brota.
Em todos os corpos
À minha volta
Tem muita gente sendo
Ao mesmo tempo
Abrem as portas
Obrigado pela felicidade que brota
Em todos os corpos
À minha volta
Tem muita gente sendo
Ao mesmo tempo
Abrem as portas
Obrigado pela felicidade que brota
domingo, 13 de outubro de 2013
Pinceladas da percepção.
Poemas à luz da cannabis:
Porentre as luzes hedonistas da bohemia
Nos swings inexatos do som tropical
Tangida dessa ironia, há muito consolidada
No sábio canto popular nacional.
Transpassa riso,
Riso de malandro,
E paz de conformação,
Baixaria vai guiando,
Embelezando a convulsão.
Da meditação
Baby, diz aonde passam as delicias da vida e do samba? entre espaço e o tempo, o além-a atmosfera dita sutil, que conecta tudo, como as veias, e, ao invés distribuir oxigenio, como faz o sangue, distribui sentido, harmonia, obstante todas as tensões, as colisões e os demais aspectos caóticos, impregnados na universo desde o Big-Bang. Ai repousa o sorriso sereno, a delicia do estar presente, no melhor lugar do mundo, na melhor hora da história, reconhecendo a eternidade daquele pontinho de energia concentrada, pano de fundo da existência, que a tudo originou, e que hoje se manifesta-sobretudo, mas não exclusivamente- no contato do ar com minhas narinas.
Da vida
Dura, porque a fizemos assim.
Dura, porque a fizemos assim.
Dura pelos nossos sentidos, pelos nossos não-sentidos
((Sistematicamente demarcados e reprimidos à precisão e à objetividade)
Não pela sua consistência
((Sistematicamente demarcados e reprimidos à precisão e à objetividade)
Não pela sua consistência
Na verdade, é tipo uma gelatina,
Fica dançando.
Do samba.
Transpassa paz,Porentre as luzes hedonistas da bohemia
Nos swings inexatos do som tropical
Tangida dessa ironia, há muito consolidada
No sábio canto popular nacional.
Transpassa riso,
Riso de malandro,
E paz de conformação,
Baixaria vai guiando,
Embelezando a convulsão.
Da meditação
Baby, diz aonde passam as delicias da vida e do samba? entre espaço e o tempo, o além-a atmosfera dita sutil, que conecta tudo, como as veias, e, ao invés distribuir oxigenio, como faz o sangue, distribui sentido, harmonia, obstante todas as tensões, as colisões e os demais aspectos caóticos, impregnados na universo desde o Big-Bang. Ai repousa o sorriso sereno, a delicia do estar presente, no melhor lugar do mundo, na melhor hora da história, reconhecendo a eternidade daquele pontinho de energia concentrada, pano de fundo da existência, que a tudo originou, e que hoje se manifesta-sobretudo, mas não exclusivamente- no contato do ar com minhas narinas.
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