Pow, é o lapso de consciência de novo. É engraçado como de repente retomo a consciência de mm, consciencia da minha consciência, da minha própria existência e da minha existência separada da existência do resto do mundo. Vou vendo um filme, me entretenho, fico aflito, feliz, assustado e outras coisas com o decorrer do filme e de repente, POW. Percebo a distância, ou melhor, invento a distância entre eu e o filme, entre sujeito e objeto, crio um muro, uma represa entre o universo externo e o meu universo, chamo-me de eu, eu necessariamente diferente do filme, do protagonista, do diretor, de todo o resto do universo. Me percebo e rio, e logo em seguida, tento concentrar-me, esquecer-me para ver o filme.
Me lembrei rapidamente de "Penso, logo existo", frase chave do estilo de vida ocidental moderno, onde o indivíduo está acima de tudo e de todos, a "pirmeira verdade". "Penso" já está conjugado com o pronome eu. A existência pressupõe um "eu penso", "eu tomo consciência de mim, da minha existência" posso estar sonhando, posso estar alucinado, posso estar sendo enganado, mas é inegável que eu, consciente de mim, existo. As condições necessárias para minha existência são que EU(primeira condição) PENSO(segunda condição). Por isso que a concentração extrema, que dissipa os muros entre as realidades externa e interna, que reconhece o vazio do ego, que se livra dos conceitos estáticos(pensamento) e aceita a realidade como um fluxo impermanente e sem forma, leva ao "estado de não nascido", por isso que nos liberta do ciclo do karma. Por isso também, que, como dizem as más línguas, meditar é parar(ou tentar parar) de pensar, ou seja, parar de existir, parar de perceber-se. Vemos isso claramente na frase"Conhecer-te a ti mesmo é esquecer-te a ti mesmo"
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